Madalena Isabel Coelho Barroso1, Antônia Rosileide Pinheiro1,4, Raquel Amâncio Correia1, Heloísa Helena Oliveira de Deus1, Claudevan Pereira Freire2,3

1  Núcleo de Vigilância Epidemiológica. Hospital São José de Doenças Infecciosas;

2 Serviço de Farmácia. Hospital São José de Doenças Infecciosas;

3 Mestrado em Saúde Pública. Universidade Federal do Ceará;

4 Especialização em Nefrologia. Universidade Estadual do Ceará

 

1. INTRODUÇÃO

Sabe-se que o surto pela Doença do coronavírus 19 (COVID-19) é uma pneumonia aguda bastante grave causada pelo SARS-CoV-2 iniciada em dezembro de 2019 em Wuhan, província da China e declarada como emergência de Saúde Pública de importância internacional em janeiro de 2020 e de importância nacional em 03 de fevereiro de 2020 pelo Ministério da Saúde do Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020). 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) foram notificados 31.425.029 casos de COVID e 967.164 mortes desde o início da pandemia até setembro de 2020 e no Ceará foram registrados 8.882 óbitos e na capital, 3.846 óbitos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).

No final de fevereiro de 2020, o Brasil registrou o primeiro caso importado da Itália. No dia 20 de março o MS anunciou transmissão comunitária em todo território nacional depois da ocorrência de casos autóctones. Até 5 de maio, já haviam cerca de 100 mil casos notificados e 9.897 óbitos pela COVID-19 confirmados por PCR (CORREIA et al, 2020).

Ela apresenta elevada transmissibilidade e distribuição global dos casos infectados. Sua transmissão ocorre principalmente entre pessoas por meio de gotículas respiratórias ou contato com objetos e superfícies contaminados. O vírus rapidamente infectou muitos indivíduos.

Relata-se que há um grande número de casos de óbitos sem confirmação diagnóstica. Utilizam-se principalmente o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) para a notificação dos óbitos nos grandes centros urbanos onde se concentra a epidemia, embora com causa da morte ainda mal definida ou imprecisa. Tratando-se de COVID-19 acredita-se que haja relevante subnotificação dos casos de óbito por alguns empecilhos como dificuldade na identificação, ausência de coleta de material para o PCR, ou na má qualidade dessa amostra para análise ou diagnóstico não concluído na hora do óbito (FRANÇA et al, 2020).

Estudos mostram a relação entre o aparelho circulatório e a COVID-19: o vírus pode causar alterações cardiovasculares. Estudo observacional transversal envolvendo 197 óbitos por COVID-19 que tinham pelo menos uma doença do aparelho circulatório previamente (SOUZA et al, 2020).

 

2. MÉTODOS

Trata-se de um estudo de corte transversal realizado entre março a setembro de 2020 no Hospital São José de Doenças Infecciosas. Foram analisadas as seguintes variáveis: Idade, sexo e município. Os dados foram obtidos através dos prontuários e das fichas de notificação para casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG-HOSPITALIZADO) do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica.

Os dados foram coletados e analisados através do programa LibreOfficeCalc e apresentado por meio de gravuras.

 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram notificados 250 casos de óbito ocasionados por COVID-19 nessa unidade hospitalar referência em doenças infecciosas e confirmados 210 casos. Até o momento 4 casos ainda se encontram sob investigação e outros 36 já foram descartados. 

Houve prevalência dos óbitos na população masculina (n = 120 57,1%), enquanto que no feminino foi de 90 casos (42,9%) esses dados vão ao encontro do Boletim Epidemiológico da 44ª semana (SESA, 2020) em que 56,5% casos eram do sexo masculino, 38,0 % do sexo feminino, e 5,5% sem informação.

 

Quadro 1: Variáveis analisadas de casos de óbito por COVID-19

no HSJ com valores absolutos e frequências relativas de março

de 2020 até o dia 30/09/2020.

Os óbitos de pacientes que mais prevaleceram foram de Fortaleza n= 158 (75,2%), Redenção n= 11 (5,2%), Caucaia n= 6 (2,9%) e Guaiúba n= 5 (2,4%). Dados do boletim estadual (SESA, 2020) indicam que a capital apresenta a maior prevalência nos casos de óbito por COVID-19. O fato se justifica devido a população de Fortaleza ser a maior em todo o estado do Ceará com população estimada para 2020 de 2.686.612 habitantes, densidade demográfica de 2010, em torno, 7.786,44 hab/km² (IBGE, 2020).

 

Gráfico 1: Diagrama da relação entre os sexos de óbitos por COVID-19

no HSJ com valores absolutos e frequências relativas de março de 2020

até o dia 30/09/2020.

A prevalência do intervalo de idades entre os óbitos foi de 60-79 anos de idade. Verificou-se a maior prevalência em homens entre 60-69 anos de idade. Dados da Secretaria de Saúde (2020) informam que a média de óbitos foi de 68 anos. Atenta-se ao fato do registro de óbitos (n = 12) na população abaixo de 40 anos de idade (Cavalcante et al, 2020). 

 

 

 

5. CONCLUSÃO

A COVID-19 surgiu no mundo de forma inesperada e rápida no espaço e tempo de atingir vários países de forma contínua e progressiva. Autoridades de todo o mundo estavam diante de uma nova pandemia causada pelo SARS-CoV-2. O desfecho para muitos indivíduos foi a morte.

Os Serviços de Vigilância Epidemiológica tornaram-se mais importantes para doenças transmissíveis de rápida disseminação, em especial nas pessoas imunodeprimidas, pois a oportunidade de detecção o mais rápido possível da introdução de medidas preventivas e disseminação na população, possibilitando medidas de controle a tempo hábil.

Percebeu-se grande problema para os casos suspeitos de COVID-19 devido a demora de protocolos nacionais e má interpretação dos divulgados pela OMS todos com clínica compatível com a doença mesmo que sem exames confirmatórios. 

França e colaboradores (2020) chegaram à conclusão que em situações de pandemia as precárias assistências médica na fase terminal da doença ou más condições de trabalho médico nos Prontos-Socorros corroboraram para o mal preenchimento das declarações de óbito o que compromete o conhecimento real da magnitude das mortes por COVID-19 declarados como outras causas.

 

BIBLIOGRAFIA

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia de Vigilância Epidemiológica Emergência de Saúde Pública de importância nacional pela doença pelo coronavírus 2019. Vigilância de Síndromes Respiratórias Agudas COVID-19. Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília, 2020.

Corrêa, PRL; Ishitani, LH; Abreu, DMX; Teixeira, RA; Marinho, F; França, EB. A importância da vigilância de casos e óbitos e a epidemia da COVID-19 em Belo Horizonte, 2020. Revista Brasileira de Epidemiologia, 2020.

França, EB; Ishitani, LH; Teixeira, RA; Abreu, DMX; Corrêa, PRL; Marinho, F; Vasconcelos, AMN. Óbitos por COVID-19 no Brasil: quantos e quais estamos identificando? Revista Brasileira de Epidemiologia, 2020.

Souza, CDF; Leal, TC; Santo, LG. Doenças do Aparelho Circulatório em Indivíduos com COVID-19: Descrição do Perfil Clínico e Epidemiológico de 197 Óbitos. Carta ao Editor. Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Cavalcante, JR; Abreu, AJL. COVID-19 no município do Rio de Janeiro: análise espacial da ocorrência dos primeiros casos e óbitos confirmados, 2020.

Secretaria da Saúde do Estado do Ceará. Doença pelo novo coronavírus. Boletim Epidemiológico nº 44, Ceará, 2020.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Panorama da População de Fortaleza. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/fortaleza/panorama. Acesso em 30/09/2020.